terça-feira, 25 de março de 2008

Fragmentos...

Fragmentos … de uma vida …


Dentro do céu existe um mar
Um mar de estrelas prontas a guiar
Uma nau sem velas, sem rumo, sem norte
Que, à deriva, procura um porto para pousar …
Descansar um corpo cortado pelo sol, a salitre,
A dor, o ódio, a raiva
De um marinheiro guerreiro, audaz
Que luta contra o tempo que teima em escassear,
Que lhe tolhe a vida, perdida no mar, à deriva …
Sozinho, rastejando ante a terra que
Ao longe se avista
Longe, longínqua, do outro lado do Oceano
Onde a dor não existe, o sofrimento não impera
Apenas a paz, a calma, a luz que ilumina um corpo
Inerte … cansado de lutar.

02 – 08 – 2007
Carla Alves
©

(Dedicado à minha prima Ana,  cuja morte (a 26 de Março de 2008) deixou o “nosso” mundo “vazio” e repleto de saudade …).

Um pouco de mar …


Sinto a minha alma cansada
Cansada de tanto correr,
Saltar, pular, esticar
O vazio dos meus dias até ao amanhecer.
Quero parar … preciso de parar …
Não posso!
Continuo o meu caminho …
Corro, salto, pulo, estico
Os ponteiros do relógio até à exaustão.

Como eu gostava de repousar
Num mar azul, transparente
Deixar a minha cabeça cair na areia
Fina, molhada
Abraçar as ondas macias
E adormecer …


14 de Fevereiro de 2008
Carla Alves
©

Nostalgia duma noite de Verão …



Pinto o teu rosto a pincel
Adorno – o com paixão
Sabor a mar e a magia
Melodia numa noite de Verão

Azul cristalino,
O brilho do teu olhar

Contemplo o horizonte longínquo …

Da janela do meu quarto
Avisto, ao longe, o mar …

A areia fina e macia
Percorre suave os nossos corpos
Dourados, entrelaçados,
Perdidos na imensidão
Duma praia deserta

Recordo o teu sorriso
Traquina
Atrevido
Malícia envolta em doçura
Paixão
Sob o luar


16 de Março de 2008
Carla Alves ©

Deambulando … entre o real e o imaginário …


Sonho com um sol azul
Um mar dourado
Um campo de borboletas
Flores multicolores.

Neste mundo às avessas
Misturo o real e o imaginário
Crio uma nova paleta de cores.

Sensações, emoções, palavras
Que esvoaçam
Soltas … ao vento
Presas à doçura das recordações.

Rio, sorrio …
O meu mundo continua vazio
Cheio da ausência de ti
Repleto de recordações
Emoções que transbordam …

Enchem os meus olhos de lágrimas
Salgadas
Doridas
Pinto – as de doçura

Saio para a rua
E invento um novo mundo!

Um mundo imaginário
Onde o real e o irreal se misturam
Tudo é possível
Não há limites para a imaginação.
O sol é azul
O mar dourado
O vento salgado
Salitre não tem sabor.


29 de Fevereiro de 2008

Carla Alves ©

Poesias Soltas...


Uma janela aberta sobre o mar
Um mundo por conquistar
Desafios, aventuras, países longínquos
Terras por desbravar

Cá dentro (desta janela)
O calor, o aconchego do lar
Paz, calma, serenidade,
Uma brisa leve, o som da água
A bater, devagarinho, compassada

Fecho o livro que li e reli durante a tarde,
Pouso a cabeça no encosto da cadeira e adormeço
Envolta nesse som, ritmado
Sentindo o cheiro a maresia e
Sonho com as viagens por fazer, as terras por conhecer,

Mas sempre o sol, o mar,
A paz …


16 de Setembro de 2007,
Carla Alves
©

Fragmentos...



Abro a janela do meu quarto
E vejo um rio de flores
De cores vivas, alegres, risonhas
Transparece o orvalho da manhã,
A brisa suave de um dia de Primavera
Que se augura calmo, doce, melodioso
Como a imagem que guardo de ti
Nos meus sonhos …
Pedaços da minha infância e juventude
Guardados na memória do meu ser
Que cresce vazio
Da tua ausência
Que anseia pelo dia no qual poderá
Finalmente
O teu rosto tocar
Sentir o teu cheiro
Doce a maçã açucarada
Ouvir a tua voz
Melodiosa a chamar o meu nome
E eternizar esse momento
Na recordação de um tempo que vivi
Feliz.


02 – 08 – 2007
Carla Alves
©

Fragmentos...


Os raios de sol tocam a minha face
Queimam a minha pele de cetim
Amarrotado pelo tempo
Um sorriso aberto ao mundo que acorda
Agora
Neste momento

Olho a imensidão do mar
Sinto a doçura da maresia a invadir o meu corpo
Desperto
Para um mundo povoado
De calma, serenidade, luz

Vejo … ao longe
Por entre as ondas
Uns olhos, azuis, límpidos, cristalinos
A brilhar … fitam – me … desafiam – me …

Sorrio e sigo o meu caminho
Solitário
À beira – mar.

A praia está, ainda, deserta
Só eu e a memória desse tempo
Vivido
(Outrora
Nesta praia)
Teimamos em vaguear
Pela areia fina, dourada, repleta de conchas.

As algas rodeiam os meus pés
Recordo o teu rosto
O teu corpo bronzeado
Os teus olhos …
Imensidão de azul
… O azul do mar.


02 – 08 – 2007 

Carla Alves ©

Fragmentos...


Desce a rua
Com um andar apressado,
As calças de ganga rasgadas
Nos joelhos
Os atacadores desapertados
Um completo desalinho
De cores, de tecidos, de formas …


Toca à campainha de uma porta
Sem número, sem rosto
Um sorriso matreiro de uma criança
Traquina, que de mãos nos bolsos
Se dirige à tabacaria mais próxima
Para comprar berlindes e jogar …


… Sozinho, no pátio de um prédio
Descaracterizado, sem cor, sem pessoas, sem alma
Para trás ficou a escola, o professor, os livros
Os amigos que não sabem brincar a este jogo
Do faz – de – conta …


Existe tanta vida escondida nas cores vivas, luminosas
Destes berlindes!


E essa vida gira, tão depressa, tão rápida, tão cheia de alegria
Como o movimento suave das suas mãos
De criança
Curiosa
A espreitar o mundo encantado que existe
Para lá das cores ofuscantes desses berlindes
Gastos pelo uso do tempo que passa …


A correr, apressado, saltitante
Como a criança que os lança
Risonha
O ar matreiro
De quem ousa desafiar a monotonia dos dias que correm
Sempre iguais.



02 – 08 – 2007
Carla Alves
©

Palavras soltas


Escrevo
Quando me sinto só


Escrevo
Quando estou triste ou em revolta interior
Contra um mundo, por vezes, ingrato
Muitas vezes cruel
Injusto …


Escrevo
Quando as ideias fervilham na minha mente
As palavras rompem barreiras
Os sentimentos transbordam à flor – da – pele


Quando escrevo
Liberto a essência do meu ser
Sinto – me feliz
Porque partilho, através da escrita, o meu mundo interior
Povoado de memórias
Sentimentos
Emoções


Carla Alves ©
22 de Março de 2008

Auto – Retrato






Esboço aqui o meu auto – retrato
Feito num ápice
Em tons de emoção
Sou livre como as palavras que deambulam
Por entre tanta imaginação


Sonho com planícies intermináveis
Coloridas de flores e borboletas cetim
Rios, lagos e mares
Azul, verde, turquesa
Cheiro a jasmim


Volto à terra
Deixo a lua
Acordo
Sorrio para o mundo
Que espreita por entre a minha janela
Semi – aberta
Frio, cinzento, chuva


Pego num pincel e pinto – o de vida
Transborda cor, alegria
O riso das crianças que correm, felizes
O olhar dos sem – abrigo que brilha
Melodia de tempos passados
Agora revividos …
A esperança daqueles que sofrem
É – lhes devolvida


Eu trago a vida, a alegria, a cor
Apago da minha tela as cores frias,
Os dias de chuva
A falta de amor …


Sou livre como as palavras que escrevo
E como elas saltito, linha após – linha,
Correndo envolta no meu pensamento
Que viaja para além do Sol, do Universo
Num batel de criatividade feito a vapor


Carla Alves ©
27 de Dezembro de 2007



Fotografia – Carla Alves ©