terça-feira, 25 de março de 2008

Fragmentos...


Desce a rua
Com um andar apressado,
As calças de ganga rasgadas
Nos joelhos
Os atacadores desapertados
Um completo desalinho
De cores, de tecidos, de formas …


Toca à campainha de uma porta
Sem número, sem rosto
Um sorriso matreiro de uma criança
Traquina, que de mãos nos bolsos
Se dirige à tabacaria mais próxima
Para comprar berlindes e jogar …


… Sozinho, no pátio de um prédio
Descaracterizado, sem cor, sem pessoas, sem alma
Para trás ficou a escola, o professor, os livros
Os amigos que não sabem brincar a este jogo
Do faz – de – conta …


Existe tanta vida escondida nas cores vivas, luminosas
Destes berlindes!


E essa vida gira, tão depressa, tão rápida, tão cheia de alegria
Como o movimento suave das suas mãos
De criança
Curiosa
A espreitar o mundo encantado que existe
Para lá das cores ofuscantes desses berlindes
Gastos pelo uso do tempo que passa …


A correr, apressado, saltitante
Como a criança que os lança
Risonha
O ar matreiro
De quem ousa desafiar a monotonia dos dias que correm
Sempre iguais.



02 – 08 – 2007
Carla Alves
©

Sem comentários: