terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quadro inacabado …


Pintei a minha noite de branco
Apaguei as estrelas
E
Num salto imaginário
Agarrei o sol

Tons quentes dão agora vida
À recheada paleta das emoções

Peguei na Lua e transformei – a num enorme sorriso
Aberto ao mundo

Adicionei – lhe uma mistura de sonho com um travo de ilusão

Fecho os olhos e tento imaginar
O teu rosto do lado – de – lá desta tela

Não consigo.
O tempo fez – me esquecer os contornos
As linhas que, outrora, transbordavam vida

Deixo a minha obra inacabada.
A noite dará, em breve, lugar ao dia

Procurarei, então, na imensidão do mar
O azul cristalino dos teus olhos

Guardarei essa cor na palma das minhas mãos
E com lágrimas salgadas
Salpicarei o meu quadro de vida


Carla Alves ©
17 de Fevereiro de 2009

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Vagueando …



É cedo
Muito cedo ainda

A praia está completamente deserta
O vento desprende – me os revoltos cabelos
Que tento, em vão, apaziguar

Caminho sozinha pelo branco areal
Fito a imperceptível linha que delimita, ao longe, o horizonte

Tudo é azul
Tudo é calmo
Tudo é paz

As ondas espreguiçam – se suavemente
Salpicando – me as calças semi – arregaçadas

O ritmo compassado da sua dança
Embala o meu sono cansado
Deixo – me, lentamente, adormecer

Deitada na areia
Toda eu sou mar

Mergulho, à deriva, pensamentos soltos
Sinto – me livre
Respiro paz


11 de Fevereiro de 2009,
Carla Alves
©


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Momentos …



Faz tempo que não escrevo
E como eu gosto de por no papel as minhas ideias!
Deixá – las fluir
Livremente

Ao sabor das emoções
Rodopiando por entre o teclado
Noctívago

Procurando no sossego da noite
A paz
O silêncio onde bebo a inspiração

No qual deito o meu colo cansado
Exausto
E com ele teço um bailado solitário

Eu,
A minha imaginação,
E as palavras soltas
Que me dão voz

Sinto – me rejuvenescida!
Vivo através da escrita
Respiro poesia
E sem ela não consigo adormecer
O cansaço entediante
Dos meus dias …

Carla Alves ©
18 de Janeiro de 2009

domingo, 18 de janeiro de 2009

Momentos …



O vento sopra
Forte
A chuva cai
Intensamente

Vazio
A rua está deserta

Oiço, lá fora, os assobios vorazes
O ritmo compassado das gotas de água que caem
Abruptamente

Lembro – me de ti …

Escrevo freneticamente
O teclado range
As ideias flúem velozmente

E aquilo que seria
Supostamente
Um poema de amor

Acaba por ser
Um mero registo
De um efémero momento

Solitário
Povoado pela recordação
De ti

Carla Alves ©
18 de Janeiro de 2009

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

À partida da descoberta …



Pintei o meu pequeno mundo

Num mosaico imaginário


Feitos heróicos

Viagens

Descobertas


Lutas desiguais

Batalhas ensanguentadas

Num mural feito em pedra


Fito, atentamente, o desenho geométrico

Embarco na bússola do tempo

E fundo – me no emaranhar

Das ondas

No latejar dos trovões

Que, ininterruptamente,

Me arrastam para a tropelia de corpos

Semi – desnudos

Tentam, em vão,

As velas quinhentistas apaziguar



Por fim

Avisto, ao longe, terra …



O mar está sereno

Rumo face à aventura



Há uma panóplia de línguas

Por explorar

Culturas ancestrais por assimilar

A minha pátria

Neste pequeno mosaico

Representar


A sangue

Em tons de canela

Ouro

Seda

Marfim



Desperto deste sonhar acordado

Oiço ao longe a próxima excursão de turistas

Aproximar – se

Vêm à procura do conhecimento



Boa tarde

Eu sou o Joaquim

Serei o vosso guia


Esboço um sorriso rasgado

Ajeito, num ápice, a gola da camisa

Afinal há que ter orgulho em ser Português!



Carla Alves ©

01 de Dezembro de 2008




Fotografia – Nuno de Sousa ©

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Velas ao Vento



Navegando nas asas da imaginação

Rumo à descoberta

Do infinito


Respirando azul

Bebendo a curiosidade sagaz

Que me projecta face ao desconhecido


Avisto, ao longe, um porto

Branco

Tons de malva

Laranja – Lilás

Verde cristalino


As ondas embalam

Compassadamente

Este veleiro errante

Suavizando a ânsia

Do que está, ainda, por descobrir


Lanço a âncora

Salto freneticamente para a água

Fundo – me na imensidão de azul

E desapareço

Por entre a espuma duma onda

Revolta

Livre

Leve

Solta


Parto à descoberta!



9 de Dezembro de 2008

Carla Alves
©

Instantes …



As ondas embalam o meu sono cansado
A brisa marítima transporta – me para outro lugar

Etéreo
Límpido
Lunar

O vento beija – me os cabelos revoltos
A areia fina acaricia – me a pele
O sol aquece o meu corpo que, aos poucos,
Se deixa levitar

Sinto um vazio em mim
Onde estão as palavras que percorrem, frenéticas, este cérebro
Acelerado?
Onde estão as ideias que invadem, a cada segundo, o percurso vertiginoso das letras que dão voz a essas mesmas palavras?

Vazio …
Nada me ocorre

E, contudo,
É esta a paz que incessantemente procuro
E que só aqui
À beira – mar
Consigo, por breves instantes,
Encontrar.


Carla Alves ©
03 de Dezembro de 2008